domingo, agosto 05, 2007

[Vídeo] L'amour est un oiseau rebelle - Nina Hagen

Imaginem o Rock in Rio de 1985, agora pensem na silhueta de um King Diamond de cabelo rosa pink...

Nesse interim começa a tocar a trilha sonora de "Um Odisséia no Espaço" e a batida muda para "Beat It" de Michael Jackson...

De repente e não mais que derrepente aparece a demente (no bom sentido) da Nina Hagen cantando "L'amour est un oiseau rebelle" de Bizet...

Ai que saudades que sinto das coisas que nunca vi...hehehehehehe

L'amour Est Un Oiseau Rebelle (Tradução)

O amor é um pássaro rebelde

Que ninguém pode prender,

Não adianta chamá-lo

Pois só vem quando quer.

Não adiantam ameaças ou súplicas,

Um fala bem, o outro cala-se

É o outro que prefiro,

Não disse nada, mas agrada-me.

O amor é filho da boêmia,

Que nunca, nunca conheceu qualquer lei;

Se não me amares, eu te amarei;

Se eu te amar, toma cuidado!

O pássaro que julgavas surpreender

Bateu asas e voou

O amor está longe, podes esperá-lo

Já não o esperas, aí está ele,

À tua volta, depressa, depressa,

Ele vem, ele vai, depois volta,

Julgas tê-lo apanhado, ele te escapa;

Julgas que te fugiu, ele agarra-te.

O amor é filho da boêmia,

Que nunca conheceu qualquer lei.

Se não me amares, eu te amarei;

Se eu te amar, toma cuidado!

[Fragmentos] Vícios Humanos e Adaptação

“Mas e quanto ao imperativo darwiniano de sobreviver e reproduzir-se? No que concerne ao comportamento cotidiano, não existe esse imperativo. Há quem fica assistindo a um filme pornográfico quando poderia estar procurando um parceiro, quem abre mão de comida para comprar heroína, quem posterga a gestação dos filhos para fazer carreira na empresa, quem come tanto que acaba indo mais cedo para o túmulo. O vício humano é prova de que a adaptação biológica, na acepção rigorosa do termo, é coisa do passado. Nossa mente é adaptada para os pequenos bandos coletores de alimentos nos quais nossa família passou 99% de sua existência, e não para as desordenadas contingências por nós criadas desde as revoluções agrícola e industrial. Antes da fotografia, era adaptativo receber imagens visuais de membros atraentes do sexo oposto, pois essas imagens originavam-se apenas da luz refletindo-se de corpos férteis. Antes dos narcóticos em seringas, eles eram sintetizados no cérebro como analgésicos naturais. Antes de haver filmes de cinema, era adaptativo observar as lutas emocionais das pessoas, pois as únicas lutas que você podia testemunhar eram entre pessoas que você precisava psicanalizar todo dia. Antes de haver a contracepção, os filhos eram inadiáveis, e status e riqueza podiam ser convertidos em filhos mais numerosos e mais saudáveis. Antes de haver açucareiro, saleiro e manteigueira em cada mesa, e quando as épocas de vacas magras jamais estavam longe, nunca era demais ingerir todo o açúcar, sal e alimentos gordurosos que se pudesse obter. As pessoas não adivinham o que é adaptativo para elas ou para seus genes. Estes dão a elas pensamentos e sentimentos que foram adaptativos no meio em que os genes foram selecionados.”
Steven Pinker

[Poesia] A Piedade - Roberto Piva

A PIEDADE
Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento
abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da
luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria
aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam
cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio
bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as
estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos
pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam
que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos
pavimentosos adolescentes nas escolas bufam como cadelas
asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através
dos meus sonhos
Roberto Piva
Para ver o vídeo com o próprio Piva recitando, clique no link abaixo: