quarta-feira, junho 20, 2007

[Política (?)] Mais um texto sobre os "Vermelhos"

Mais uma sobre os "vermelhos" e suas "militâncias"...
Texto retirado do blog LiberalLibertarioLibertino, blog esse que eu recomendo com VEEMÊNCIA...
Escrito por : Alex Castro.
Vamos aos foices enferrujadas...
Prisão Nº9:

Patriotismo (Parte 6 de 7) Reserva de Mercado

Outro dia, me veio uma cavalgadura defender boicote aos produtos americanos por causa da guerra do Bush. E eu perguntei: foi a Coca-Cola que invadiu o Iraque? Foi o McDonald’s que inventou as tais armas químicas que não existem? Essas empresas têm alguma coisa a ver com as decisões criminosas do Bush? Se for por isso, vou parar de tomar Guaraná Antarctica em repudio a essa elevadíssima taxa de juros do Governo Lula.

Esperem, que fica melhor.

A mesma cavalgadura, militante doente de esquerda, disse que acabou decidindo parar o boicote porque, num mundo globalizado como o nosso, essas iniciativas podem acabar saindo pela culatra. Afinal, quantas fábricas a Coca-Cola têm no Brasil? Se as vendas no Brasil caírem, vão ser os empregados brasileiros que vão acabar demitidos e os lucros da Coca-Cola não iriam cair nem meio por cento. (Vamos fingir que ela não desistiu do boicote porque, na verdade, não agüenta viver sem Coca Light, que eu conheço bem a peça) .

Eu perguntei: mas você, militante da esquerda, pelos direitos dos trabalhadores, trabalhadores do mundo, uni-vos, etc etc, não se importa com os empregos dos operários americanos? Ela ficou meio confusa, coitadinha.

Esse patriotismo nós contra eles eu nunca entendi. Numa guerra, vá lá, você comemora mil mortes inimigas e chora uma sua, e mesmo assim, me parece profundamente hipócrita e cretino.

Mas essa esquerda nacionalista me parece duplamente perversa. Antigamente, os fascistas é que eram nacionalistas, a esquerda era supranacional, trabalhador é trabalhador, não importa de onde. O faxineiro da fábrica da Coca-Cola em Atlanta é tão trabalhador (ou seja, tão fudido) quanto o faxineiro da fábrica da Coca-Cola na Baixada Fluminense.

Hoje, não. Parece que a esquerda perdeu uma das suas poucas características redentoras: se os lucros da Coca-Cola caírem e demitirem milhares de trabalhadores americanos, que se fodam, esses ianques imperialistas que ganham salário mínimo! (É, tem gente nos Estados Unidos que ganha salário mínimo) Se forem brasileiros, oh, meu deus, que horror! É a globalização! É a globalização! Esses cachorros!

Sou contra qualquer tipo de reserva de mercado. Sou contra, por exemplo, estudar José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo ou Manuel Antônio de Almeida. São autores menores, absolutamente menores, totalmente medíocres. Seus livros são literatura somente na mais ampla acepção do termo e olhe lá. Os três têm seu lá imenso valor histórico, ajudaram a criar nossa literatura, desbravaram o campo, etc etc etc, mas Literatura, com L maiúsculo, é muito maior do que o nosso pobre Memórias de um Sargento de Milícias.

Não é que eu não goste desses autores. Gosto muito e já li grande parte de suas obras. Mas só porque sou historiador e carioca doente – tentando fugir dessa prisão, lembram? Os romances românticos urbanos, como Senhora, A Moreninha, O Moço Loiro, A Pata da Gazela, Diva, etc, são verdadeiras viagens por um Rio de Janeiro há muito desaparecido.

Mas que não são literatura, não são. Se o valor deles é apenas ter sido brasileiros, então, desculpem-me, mas isso não é valor algum: é acidente geográfico. Se o valor deles é como objeto de estudo do romantismo, então é melhor estudar o romantismo dos grandes mestres e não dos praticantes medíocres.

Pensei em fazer um mestrado em Literatura, mas vi que todas as cadeiras eram em Literatura Brasileira. Quer dizer que só posso estudar nossa literatura? Não é nem que não existam grandes mestres entre nós (Clarice, Rosa, Machado, etc) mas por que me restringir a eles quando tenho o mundo?

Por que posso estudar o naturalismo de Aluísio de Azevedo, mas não o de Zola? Só por que um brasileiro e o outro não? Isso é pequeno demais, mesquinho demais, não consigo pensar assim.

Não consigo coadunar.

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